sexta-feira, 11 de março de 2016

Luta pela Igualdade

O que é o RACISMO?

Já tratamos até aqui de diversos assuntos como o bullying, inclusão de alunos com necessidades especiais, mas gostariamos agora de tratar nesse assunto tão importante e esclarecer aspectos pontuais para continuarmos nossos estudos.

Biologicamente,não existem "raças";somos uma só raça humana.
Os estudos mais recentes da genética já mostraram, desde o século XX, que não podemos dividir os seres  humanos em raças de acordo com cor de pele, tipos de cabelo, altura e outras características exteriores. Tais diferenças não servem para classificarmo-nos, como fazem os biólogos com outras espécies animais. A esse respeito, afirma Munanga (2003):
Como homens, pertecemos ao filo dos cordados, ao subfilo dos vertebrados (como os peixes), à classe dos mamíferos (como as baleias), à ordem dos primatas (como os grandes símios) e à espécie humana (homo sapiens), como todos os homens e todas as mulheres que habitam nossa galáxia. Somos espécie humana porque formamos um conjunto de seres, homens e mulheres capazes de constituir casais fecundos, isto é, capazes de procriar, de gerar outros machos e outras fêmeas.[...] Portanto Biológica e científicamente, as raças não existem. A invalidação científica do conceito de raça não significa que todos os indivíduos ou todas as populações sejam geneticamente semelhantes. Os patrimônios genéticos são diferentes, mas essas diferenças não são suficientes para classificá-las em raças.

O Racismo na Escola 

O racismo ainda hoje é uma questão de grande embate na sociedade brasileira, apesar de ter uma população miscigenada não se mostra evidente, mas ocorre sutilmente por estar enraizado na sociedade desde os tempos da escravidão. Vivemos num país onde a herança do preconceito racial é muito presente, apesar de haver certa negação ou omissão do problema. As marcas dessa herança cultural estão muitas vezes implícitas em letras de músicas, na mídia e até mesmo na Literatura Infantil. A maioria das histórias e contos apresentados às crianças ou lidos por elas enfatiza a cultura europeia; podemos exemplificar com os seguintes contos: Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, dentre outros. Com isso vemos a falta de preparo das escolas para receber o aluno negro e no diaa-dia só é resaltado que não sabemos lidar com essa questão. Mesmo assegurados pelas leis como a 9.459, de 13 de maio de 1997 e a 7.716, de 5 de janeiro de 1989 que fala que é um crime excluir e discriminar qualquer afro descendente, na prática podemos constatar o não cumprimento dessa legislação porque o racismo continua a se manifestar através de xingamentos, chacotas, piadas e ditos populares, tornando clara a discriminação racial em todos os lugares, principalmente na escola. Diante disso, esse estudo tem como objetivo discutir sobre o racismo na escola e traçar apontamentos sobre formas de superar essa prática no ambiente escolar. Para atingir a esse objetivo será utilizada a metodologia de pesquisa teórica em livros, artigos, teses, dissertações e material eletrônico para compreender como o racismo acontece e de que modo ele pode ser eliminado das práticas escolares. 3 Para o desenvolvimento dessa investigação utilizamos a pesquisa de natureza qualitativa que visa à realidade e o sujeito por isso não pode ser traduzida em números. De acordo com Gil (2002) tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito além do aprimoramento das ideias que possam estimular uma melhor compreensão do problema estudado. Será do método bibliográfico, pois visa consultar fontes e construir ideias a partir de outras. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, e artigos científicos”. Em nosso artigo utilizamos os estudos de autores como Oliveira (2007) sobre preconceito e estereótipos; Cavalleiro (2001) e Munanga (2005) que discutem sobre racismo na escola, entre outros autores que desenvolvem estudo sobre essa temática e que nos auxiliaram na construção da nossa pesquisa com suas reflexões e contribuições teóricas. Assim, nosso estudo foi organizado da seguinte maneira, inicialmente trazemos algumas reflexões sobre preconceito e estereótipos ressaltando algumas práticas sociais que reproduzem essas duas características. Depois trazemos um histórico do racismo na escola e discorremos sobre a criança negra e sua identidade na escola. E por final temos alguns apontamentos sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais e as inovações decorrentes da Lei nº 10.639 de 2003. O preconceito é tão forte que ainda levam nossos alunos e alunas ao fracasso e a evasão escolar mesmo com uma lei que os ampare de toda intolerância racial que é a Lei nº 12.288 de julho de 2010 que garante à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. A lei existe e dá ao negro todos os direitos que qualquer cidadão deve possuir, o problema é que a mesma não é cumprida, vemos preconceito sendo cometidos todos os dias sem distinção de idade e sexo. Muitas vezes os pais dos nossos alunos negros não estão preparados para lidar adequadamente com essa situação ou não estão devidamente munidos para orientar seus filhos perante as situações preconceituosas que lhes vão aparecer constantemente. Diante disso, os professores tem um papel fundamental no sentido de preparar nossas crianças de forma epistemológica tendo em vista que a escola é um espaço social privilegiado de construção do conhecimento e luta contra todo tipo de preconceito, especialmente o racial. 5 Os preconceitos são óbvios quando cometidos, e raramente as pessoas assumem que são preconceituosas. Oliveira (2007) retrata muito bem isso em seu livro quando faz relatos de ALC1 uma aluna que se descreve preta do cabelo duro e que os alunos fazem saro dela por ela ser preta, essa aluna é muito discriminada pelos coleguinhas de classe e nem mesmo a professora a enxergava na sala. ALC era pouco participativa apesar de ser uma aluna atenta ao que está ocorrendo, esse seria um ponto de partida para se trabalhar o preconceito nessa sala de aula e não foi utilizado. Fatos como esse vêm ocorrendo há muito tempo no ambiente escolar; além disso, ocorrem discussões e estudos sobre o preconceito, racismo, pluralidade cultural entre todos os temas relevantes que menosprezam as pessoas. [...] uma imagem de negro (“preto”) como um ser que “vale menos”, que tem “direito” a “menos”, que “é menos” do que aquele que não o é. Uma imagem que permeia a relação entre os alunos e que configura formas de relação entre “não-pretos” e “pretos” em que, muitas vezes, os primeiros se colocam incondicionalmente acima dos segundos e fazem de tudo para marcar esta “diferença que desvaloriza” (OLIVEIRA, 2007, p. 61). E é por causa de alunos assim, infectados por estereótipos negativos que os alunos brancos se sentem superiores aos negros e começam a tratar de maneira jocosa os alunos de cor negra, fazendo piadinhas e chacotas, e dessa maneira a escola ao invés de combater o preconceito se torna reprodutora.
A formação cultural brasileira se caracteriza pela síntese de etnias e culturas, pela diversidade de fisionomias e pela multiplicidade de visões sobre a miscigenação, algumas ainda presas à desinformação e ao preconceito. Essa junção de características gera conflitos em casa, na rua, no trabalho e na escola. A superação do racismo ainda presente em nossa sociedade é uma necessidade moral e uma tarefa política de primeira grandeza. E a educação é um dos terrenos decisivos para que sejamos vitoriosos nesse esforço. Com a realização do nosso estudo apresentamos sobre o racismo na escola com objetivo de compreender a temática para superar essas práticas no ambiente escolar. Assim, cabe destacar que a discussão sobre preconceito racial é 19 fundamental para aqueles que atuam no espaço escolar e que são responsáveis pela educação dos estudantes, pois somente através da conscientização sobre esse problema as atitudes necessárias serão tomadas. É fundamental, também, que a elaboração dos currículos, livros escolares e materiais de ensino estejam isentos de qualquer conteúdo racista ou de intolerância. Mais do que isso, é indispensável que reflitam as contribuições dos diversos grupos étnicos para a formação da nação e da cultura brasileiras. Ignorar essas contribuições – ou não lhes dar o devido reconhecimento – é também uma forma de discriminação racial. Urge o combate do preconceito na escola. Porém é preciso antes disso que professores reconheçam à presença do preconceito em sala de aula e que a escola possa desmistificar a ideia de ser um lugar onde paira a igualdade racial. É preciso pensar em uma educação que sirva para abrir os espíritos, não para fechá-los, que respeite e promova o respeito às diferenças culturais, que ajude a fortalecer o ideal da igualdade de oportunidades. 


 REFERÊNCIAS 

BORGES, Edson, D’ADESKY, Jacques, MEDEIROS, Carlos Alberto. Racismo, preconceito e intolerância. São Paulo: Atual, 2002. BRANT, Leonardo (Org.). Diversidade Cultural Globalização e culturas locais: dimensões, efeitos e perspectivas. São Paulo: Pensarte, 2005. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais da educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC, 2004. Disponível em: . Acesso em: 06 de setembro de 2014. _______________. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial. Disponível em: . Acesso em: 06 de setembro de 2014. _______________. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Disponível em: . Acesso em: 07 de setembro de 2014. _______________. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação sexual. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e Anti-Racismo na educação: Repensando nossa Escola. São Paulo: Selo Negro, 2001. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. HALL, Stuart. Da diáspora: Identidade e mediações culturais. Belo Horizonte: EdUFMG, 2006. _______________. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. LIBÂNEO, José Carlos. A Didática e as tendências pedagógicas. São Paulo: IDEAS, 1994. LIMA, Ivan Costa; ROMÃO, Jeruse e SILVEIRA, Sônia Maria (Orgs.). Os negros e a escola brasileira. Florianópolis, nº 6, Núcleo de Estudos Negros/NEN, 1999, (Série Pensamento Negro em Educação). MENDES, Iba. A origem do “Preconceito". Disponível em: . Acesso em: 07 de setembro de 2014. MORAIS, Regis de. Cultura Brasileira e Educação. Campinas: Papirus, 2002. MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o Racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. 21 OLIVERA, Ivone Martins de. Preconceito e Autoconceito: Identidade e Interação na sala de aula. São Paulo: Papirus, 2007. ORTIZ, Cisele. Só não enxerga quem não quer: Racismo e preconceito na Educação Infantil. Revista Avisalá, nº 23, nov. 2005. REZENDE, Maria Alice; SILVEIRA, Cláudio Carvalho; SISS, Ahyas. Educação e cultura: pensando em cidadania. Rio de Janeiro: Quartet, 1999. SILVA, Helio. A busca de um caminho para o Brasil: A trilha d

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