A violência doméstica é um
problema universal que atinge a milhares de pessoas, na maioria das vezes, de
forma silenciosa e dissimulada. Trata-se de um problema que não costuma
restringir-se a nível social, econômico, religioso ou cultural específico. Comprovadamente,
a violência doméstica, pode impedir um bom desenvolvimento físico e mental da
vítima quando esta é uma criança, pois a infância é o período em que são
moldadas grande parte das características afetivas e de personalidade que esta
carregará para a vida adulta.
A criança aprende com os adultos, e tende a reproduzir suas atitudes ao amadurecer.
A maneira de reagir à vida e viver em sociedade, noções de direito e respeito aos outros, auto-estima, as maneiras de resolver conflitos, frustrações ou conquistar objetivos, tolerar perdas, enfim, todas as formas de se portar diante da vida, são profundamente influenciadas durante a idade precoce. É assim, que muitas crianças abusadas, violentadas ou negligenciadas na infância se tornam agressoras na idade adulta, pois seu comportamento é um reflexo de suas experiências domésticas.
Certos indícios de mau desenvolvimento de
personalidade geralmente são observados em idade precoce.
Tais características
podem ser manifestadas por dificuldades para se alimentar, dormir,
concentrar-se. Essas crianças podem começar a se mostrar exageradamente
introspectivas, ansiosas, tímidas, com baixa auto-estima e dificuldades de
relacionamento com os outros, outras vezes mostram-se agressivas, rebeldes ou,
ao contrário, muito passivas.
A Violência Psicológica ou Agressão Emocional,
às vezes tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição,
depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas.
Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas
emocionalmente, causa efeitos permanentes em suas vítimas.
Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se
dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar
emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de
importância.
A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros
membros da família, tendo como chamariz alguma doença, dores, problemas de
saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e
tolerância. Este tipo de comportamento é predominantemente encontrado em
mulheres.
No histérico, o traço predominante é o
"histrionismo", palavra que significa teatralidade. Normalmente, a
pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado,
exagerado, exuberante e por uma representação que varia de acordo com as
reações de suas vítimas. Uma mãe histérica, por exemplo, pode apresentar um
quadro de severo mal estar para manipular seus familiares. A histeria, quando
acomete homens, é bastante marcante. O homem histérico, geralmente coloca-se
como a grande vítima e o maior mártir, cujo sacrifício faz com que todos se
sintam culpados.
Outra forma de Violência Emocional é fazer o
outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de
agressão emocional dissimulada mais terrível. Uma das atitudes violentas
bastante comum neste quadro, pode ser caracterizada pelo agressor que faz tudo
corretamente, impecavelmente certo, não com o propósito de ensinar, mas para
mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem
prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente.
Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos,
quando esses não agem exatamente da maneira idealizada.
O comportamento de oposição e aversão é mais um
tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam
contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem
alguém esperando que saiam logo, pequenas coisas do dia-a-dia, podem servir aos
propósitos agressivos. Estas atitudes não poderiam ser consideradas agressão,
se não fossem intencionais.
A violência verbal existe, inclusive, na
ausência da palavra, ou seja, em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor
verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala
e, evidentemente, esse silêncio é capaz de ferir mais do que se houvesse dito
algo. Nesses casos o agressor demonstra ter algo a dizer e não diz. Aparenta
estar doente, porém não se queixa, mostra estar contrariado, porém não fala, e
assim por diante, causando maior sentimento de culpa nos demais.
Ainda dentro desse tipo de violência estão os
casos de depreciação da família e do trabalho do outro. Outro tipo de violência
verbal e psicológica diz respeito às ofensas morais. Muitas vezes a intenção
dessas acusações é mobilizar emocionalmente o(a) outro(a), fazê-lo(a) sentir-se
diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser dado aos comentários
depreciativos sobre o corpo do(a) cônjuge.
Atualmente, os aspectos emocionais da
aprendizagem têm sido muito estudados, anteriormente desconsiderados, pois
somente os aspectos cognitivos eram valorizados no processo de aprendizagem.
Hoje, sabe-se que o papel do afeto na educação é importantíssimo, e, muitas
vezes decisivo para que esta seja bem sucedida.
Segundo a ABD (Associação Brasileira de
Dislexia), distúrbios de aprendizagem são diferentes dos distúrbios de
escolarização. Os distúrbios de aprendizagem abrangem indivíduos com problemas
neurológicos, psíquicos de conduta grave, deficiência mental, ou que ainda não
alcançaram a fase na qual se encontra a maioria dos indivíduos de sua faixa
etária.
Distúrbios de escolarização, referem-se aos
indivíduos que apresentam dificuldades no aproveitamento escolar com distúrbios
de conduta menos severos, sendo estes, os mais comuns dentro da escola, alunos
considerados normais que, por diversas razões não apresentam um bom rendimento
escolar, alguns apresentam problemas comportamentais prejudicando o bom
desenvolvimento das aulas, Neste grupo, podemos encontrar a maior parte dos
estudantes vítimas de violência, e aqueles que sofreram traumas profundos
responsáveis por sérios comprometimentos psíquicos e de conduta. O estudante
vítima de violência apresenta na escola sinais de que algo em sua vida não está
ocorrendo normalmente. Geralmente manifesta comportamentos estranhos, baixo
rendimento e pouca freqüência.
É muito importante que a escola possa enxergar
seus alunos com um olhar realmente investigativo. É muito simples rotular um
aluno indisciplinado ou com baixo rendimento como o "aluno-problema".
Infelizmente, com o aumento da violência, muitos dos nossos alunos são vítimas
das mais diversas formas de agressões, e grande parte sofre os maus tratos,
dentro da própria casa, lugar onde julgamos ser o último a maltratar uma
criança. Os valores da família já não são os mesmos, o alto custo de vida, o
desemprego, a falta das condições básicas para o exercício da cidadania,
colaboram para que haja um abalo severo na estrutura emocional familiar.
Desta forma, crianças e adolescentes ficam a
mercê dos desequilíbrios de seus pais e responsáveis, sendo obrigadas a
enfrentar sofrimentos terríveis e a amadurecerem antes do tempo. As
dificuldades comportamentais e de aprendizagem são as maneiras pelas quais
essas vítimas manifestam seus problemas pessoais, é como um pedido de ajuda, de
socorro. Se a escola for receptiva, compreensiva, calorosa, agradável e
maleável poderá contribuir muito para o desenvolvimento e aprendizagem dos
alunos-vítmas, tornando o processo de superação dos traumas menos doloroso.
Na maioria das vezes, os pais e/ou responsáveis
não sabem como lidar com tais situações e precisam de orientação para que o
desenvolvimento de seus pupilos não seja afetado. É quando se faz necessária a
intervenção de profissionais que lidam com a temática. Apesar de ser muito
difícil solucionar uma situação de violência familiar, é possível, com a
interferência de profissionais e da sociedade, minimizar seus efeitos, através
de denuncias e da busca por tratamento psicológico dos componentes da família,
devendo receber tratamento tanto a vítima quanto o agressor.
Neste caso, é fundamental a interferência do
professor, que deve estar preparado para identificar alunos em situação de
violência e atuar da maneira menos traumática possível, sem constranger o aluno
e, se possível, sem que seja necessário expô-lo a situações embaraçosas, ou que
possam colocar sua integridade física ou moral em risco.
É necessária uma atuação mais efetiva dos órgãos
públicos, como Conselho Tutelar, Delegacia da Mulher, Equipes
Multidisciplinares de Educação, entre outros, para que se possa, trabalhando em
conjunto, auxiliar a essas vítimas a recuperar seu direito fundamental de viver
com dignidade. Fonte:
Enviado por: Professor Newton Cintra
Estrutura e Organização da Escola de Educação Infantil.
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA ? ABD ?
Disturbios de aprendizagem ou disturbios de escolarização. São Paulo ? SP.
Mimeo 1989.
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