sexta-feira, 25 de março de 2016

Stress Infantil


O que é o Stress?







  • Stress é uma reação do organismo com componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais. Ele ocorre quando surge a necessidade de uma grande adaptação a um evento ou uma situação de importância. Este evento pode ser algo negativo ou positivo.



  • Stress negativo: é o stress em excesso. Ocorre quando a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. O organismo fica destituído de nutrientes e a energia mental fica reduzida. A produtividade e a capacidade de trabalho ficam muito prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos. Posteriormente, a pessoa pode vir a adoecer.

  • Stress positivo: é o stress em sua fase inicial, isto é, a “fase de alerta”. O organismo produz adrenalina que dá ânimo, vigor e energia, fazendo a pessoa produzir mais e ser mais criativa. Ela pode passar por períodos em que dormir e descansar passa a não ter tanta importância. É a fase da produtividade. Ninguém consegue ficar em alerta por muito tempo, pois o stress se transforma em excessivo quando dura demais.

Stress ideal: é quando a pessoa aprende o manejo do stress e gerencia a “fase de alerta” de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair de alerta. O organismo precisa entrar em homeostase* após uma permanência em alerta para que se recupere. Não há dano em entrar de novo em alerta após a recuperação. Doenças começam a ocorrer se não há um período de recuperação, pois o organismo se exaure e o stress fica excessivo devido a algum evento estressor forte demais ou porque se prolonga em excesso.

  • Propriedade auto-reguladora de um sistema ou organismo que permite manter o estado de equilíbrio de suas variáveis essenciais ou de seu meio ambiente.

 stress é uma reação do organismo frente a situações muito difíceis, ou muito excitantes, que também pode ocorrer em crianças de qualquer idade. Ele pode se manifestar em meninos e meninas através de sintomas físicos ou psicológicos. Freqüentemente os pais não sabem reconhecer que seu filho está estressado.


Crianças que não conseguem saber claramente o que estão sentindo acabam se passando por malcriadas ou birrentas, quando na verdade estão sofrendo a ação nefasta do stress excessivo.

O que pode causar o stress em crianças:

  1. - Morte na família;
  2. - Brigas constantes entre os pais;
  3. - Separação dos pais;
  4. - Mudança de cidade ou escola;
  5. - Escolas ruins;
  6. - Professores inadequados;
  7. - Atividades em excesso;
  8. - Viagens longas;
  9. - Nascimento de irmãos;
  10. - Doenças;
  11. - Hospitalização.

“ Uma questão importante e bastante atual é a sobrecarga que as crianças tem de múltiplas atividades. Os pais querem que as crianças aprendam tudo ao mesmo tempo. Não podem deixá-la aprender inglês depois, tem que ser agora, com cinco anos, por exemplo. Não sobra tempo para brincar. O que a gente deduz é que a vida moderna está causando um impacto grande na vida das pessoas. 

CRIANÇA PRECISA BRINCAR !!!
E um dos aspectos que está causando muito impacto é a globalização. Porque de repente vemos, dentro de casa, tudo o que se passa no mundo. Se há uma matança num lugar distante, as pessoas ficam sabendo de imediato. Entramos em contato com tudo de ruim que acontece no mundo todo. Outro aspecto da globalização que causa bastante estresse é a mudança de valores. Acabamos tendo contato com valores muito diversos dos nossos.
Aquele mundinho no qual se vivia protegido, que era conhecido, agora está ultrapassado. Fica uma situação complicada, pois nos perguntamos quais são de fato nossos valores; o que é certo e o que é errado."

Como ajudar:

Tente identificar o que está estressando a criança. Se possível, diminua a pressão que ela está sofrendo;
Não a poupe em demasia. Criança que é muito protegida não desenvolve imunidade ao stress;
O stress deve ser proporcional à idade e ao amadurecimento da criança;
Quando não for possível protegê-la do stress excessivo (como no caso de morte na família, mudança de cidade etc.), é necessário fortalecer a criança para lidar com a situação da melhor maneira possível

Quando não for possível protegê-la do stress excessivo (como no caso de uma morte na família, mudança de cidade, etc.) necessário se torna fortalecer a criança para lidar o melhor possível com a situação. A ação da psicologia pode ser bastante eficiente nesses casos.

Aprenda a reconhecer os sintomas de Stress em Crianças:


Sintomas Físicos

  • * dor de barriga
  • * diarréia
  • * tique nervoso
  • * dor de cabeça
  • * náuseas
  • * hiperatividade
  • * enureses noturna
  • * gagueira
  • * tensão muscular
  • * ranger de dentes
  • * falta de apetite
  • * mãos frias e suadas

Sintomas psicológicos do stress infantil

  • * terror noturno
  • * introversão súbita
  • * medo ou choro excessivo
  • * agressividade
  • * impaciência
  • * pesadelos
  • * ansiedade
  • * dificuldades interpessoais
  • * desobediência
  • * insegurança
  • * hipersensibilidade

Vale lembrar que nenhum destes sintomas isolados pode ser interpretado como sinal de stress.
É importante verificar se vários sintomas estão ocorrendo juntos. O stress não tratado e prolongado pode levar a uma série de doenças e problemas de adaptação, inclusive na escola.

Além disso, a criança que não aprende a lidar com a tensão, quase sempre se torna um adulto vulnerável ao stress, por isso, é sempre melhor aprender a lidar com os problemas quando se é ainda bem jovem, embora na idade adulta também possa se adquirir técnicas de controle do stress.

Por: Fernanda Grimberg - Psicóloga

Fonte:Pediatria em Foco


quinta-feira, 17 de março de 2016

A Violência Doméstica e seus reflexos na Aprendizagem



A violência doméstica é um problema universal que atinge a milhares de pessoas, na maioria das vezes, de forma silenciosa e dissimulada. Trata-se de um problema que não costuma restringir-se a nível social, econômico, religioso ou cultural específico. Comprovadamente, a violência doméstica, pode impedir um bom desenvolvimento físico e mental da vítima quando esta é uma criança, pois a infância é o período em que são moldadas grande parte das características afetivas e de personalidade que esta carregará para a vida adulta. 







A criança aprende com os adultos, e tende a reproduzir suas atitudes ao amadurecer. 


A maneira de reagir à vida e viver em sociedade, noções de direito e respeito aos outros, auto-estima, as maneiras de resolver conflitos, frustrações ou conquistar objetivos, tolerar perdas, enfim, todas as formas de se portar diante da vida, são profundamente influenciadas durante a idade precoce. É assim, que muitas crianças abusadas, violentadas ou negligenciadas na infância se tornam agressoras na idade adulta, pois seu comportamento é um reflexo de suas experiências domésticas.


Certos indícios de mau desenvolvimento de personalidade geralmente são observados em idade precoce.
 Tais características podem ser manifestadas por dificuldades para se alimentar, dormir, concentrar-se. Essas crianças podem começar a se mostrar exageradamente introspectivas, ansiosas, tímidas, com baixa auto-estima e dificuldades de relacionamento com os outros, outras vezes mostram-se agressivas, rebeldes ou, ao contrário, muito passivas.
A Violência Psicológica ou Agressão Emocional, às vezes tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente, causa efeitos permanentes em suas vítimas.
Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. 

A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença, dores, problemas de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância. Este tipo de comportamento é predominantemente encontrado em mulheres.
No histérico, o traço predominante é o "histrionismo", palavra que significa teatralidade. Normalmente, a pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado, exuberante e por uma representação que varia de acordo com as reações de suas vítimas. Uma mãe histérica, por exemplo, pode apresentar um quadro de severo mal estar para manipular seus familiares. A histeria, quando acomete homens, é bastante marcante. O homem histérico, geralmente coloca-se como a grande vítima e o maior mártir, cujo sacrifício faz com que todos se sintam culpados.
Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. Uma das atitudes violentas bastante comum neste quadro, pode ser caracterizada pelo agressor que faz tudo corretamente, impecavelmente certo, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos, quando esses não agem exatamente da maneira idealizada.
O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem alguém esperando que saiam logo, pequenas coisas do dia-a-dia, podem servir aos propósitos agressivos. Estas atitudes não poderiam ser consideradas agressão, se não fossem intencionais.

A violência verbal existe, inclusive, na ausência da palavra, ou seja, em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala e, evidentemente, esse silêncio é capaz de ferir mais do que se houvesse dito algo. Nesses casos o agressor demonstra ter algo a dizer e não diz. Aparenta estar doente, porém não se queixa, mostra estar contrariado, porém não fala, e assim por diante, causando maior sentimento de culpa nos demais.
Ainda dentro desse tipo de violência estão os casos de depreciação da família e do trabalho do outro. Outro tipo de violência verbal e psicológica diz respeito às ofensas morais. Muitas vezes a intenção dessas acusações é mobilizar emocionalmente o(a) outro(a), fazê-lo(a) sentir-se diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser dado aos comentários depreciativos sobre o corpo do(a) cônjuge. 

Atualmente, os aspectos emocionais da aprendizagem têm sido muito estudados, anteriormente desconsiderados, pois somente os aspectos cognitivos eram valorizados no processo de aprendizagem. Hoje, sabe-se que o papel do afeto na educação é importantíssimo, e, muitas vezes decisivo para que esta seja bem sucedida.
Segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia), distúrbios de aprendizagem são diferentes dos distúrbios de escolarização. Os distúrbios de aprendizagem abrangem indivíduos com problemas neurológicos, psíquicos de conduta grave, deficiência mental, ou que ainda não alcançaram a fase na qual se encontra a maioria dos indivíduos de sua faixa etária. 
Distúrbios de escolarização, referem-se aos indivíduos que apresentam dificuldades no aproveitamento escolar com distúrbios de conduta menos severos, sendo estes, os mais comuns dentro da escola, alunos considerados normais que, por diversas razões não apresentam um bom rendimento escolar, alguns apresentam problemas comportamentais prejudicando o bom desenvolvimento das aulas, Neste grupo, podemos encontrar a maior parte dos estudantes vítimas de violência, e aqueles que sofreram traumas profundos responsáveis por sérios comprometimentos psíquicos e de conduta. O estudante vítima de violência apresenta na escola sinais de que algo em sua vida não está ocorrendo normalmente. Geralmente manifesta comportamentos estranhos, baixo rendimento e pouca freqüência.

É muito importante que a escola possa enxergar seus alunos com um olhar realmente investigativo. É muito simples rotular um aluno indisciplinado ou com baixo rendimento como o "aluno-problema". Infelizmente, com o aumento da violência, muitos dos nossos alunos são vítimas das mais diversas formas de agressões, e grande parte sofre os maus tratos, dentro da própria casa, lugar onde julgamos ser o último a maltratar uma criança. Os valores da família já não são os mesmos, o alto custo de vida, o desemprego, a falta das condições básicas para o exercício da cidadania, colaboram para que haja um abalo severo na estrutura emocional familiar. 
Desta forma, crianças e adolescentes ficam a mercê dos desequilíbrios de seus pais e responsáveis, sendo obrigadas a enfrentar sofrimentos terríveis e a amadurecerem antes do tempo. As dificuldades comportamentais e de aprendizagem são as maneiras pelas quais essas vítimas manifestam seus problemas pessoais, é como um pedido de ajuda, de socorro. Se a escola for receptiva, compreensiva, calorosa, agradável e maleável poderá contribuir muito para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos-vítmas, tornando o processo de superação dos traumas menos doloroso.

Na maioria das vezes, os pais e/ou responsáveis não sabem como lidar com tais situações e precisam de orientação para que o desenvolvimento de seus pupilos não seja afetado. É quando se faz necessária a intervenção de profissionais que lidam com a temática. Apesar de ser muito difícil solucionar uma situação de violência familiar, é possível, com a interferência de profissionais e da sociedade, minimizar seus efeitos, através de denuncias e da busca por tratamento psicológico dos componentes da família, devendo receber tratamento tanto a vítima quanto o agressor.
Neste caso, é fundamental a interferência do professor, que deve estar preparado para identificar alunos em situação de violência e atuar da maneira menos traumática possível, sem constranger o aluno e, se possível, sem que seja necessário expô-lo a situações embaraçosas, ou que possam colocar sua integridade física ou moral em risco. 
É necessária uma atuação mais efetiva dos órgãos públicos, como Conselho Tutelar, Delegacia da Mulher, Equipes Multidisciplinares de Educação, entre outros, para que se possa, trabalhando em conjunto, auxiliar a essas vítimas a recuperar seu direito fundamental de viver com dignidade. Fonte: 

Enviado por: Professor Newton Cintra  
Estrutura e Organização da Escola de Educação Infantil. 





Referências Bibliográficas




ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA ? ABD ? Disturbios de aprendizagem ou disturbios de escolarização. São Paulo ? SP. Mimeo 1989.



sexta-feira, 11 de março de 2016

Immanuel Kant

A influência contemporânea de Immanuel Kant


Parece mesmo incrível a sensível influência contemporânea de Kant que prosseguiu por muitos pensadores, acadêmicos, cientistas e estudiosos.

O pensamento desenvolvido por Immanuel Kant influenciou e ainda influencia diversos segmentos do conhecimento humano. Inúmeros acadêmicos, cientistas e estudiosos como Einstein, Weber, Piaget e Freud foram inspirados por suas obras e seus conceitos.
 Kant é considerado ainda o maior dos filósofos modernos, tanto que, mesmo contemporaneamente suas ideias abrem novos pontos de vista em diversos campos do conhecimento tais como: a filosofia, a sociologia, a ciência política, a psicologia e a pedagogia.
 O trabalho kantiano permanece como referência para muitos pensadores contemporâneos, especialmente na metafísica e epistemologia.
 Seu pensamento é geralmente dividido em duas fases: a pré-crítica que vai até a Dissertação de 1770, e a fase crítica, a partir da publicação da “Crítica da Razão Pura” (cuja primeira edição foi em 1781).
 Na sua primeira fase, Kant pode ser considerado um legítimo representante do chamado racionalismo dogmático, caracterizado pela forte influência do sistema Leibniz[1]-Wolff[2].
 O próprio Kant relatou em seus Prolegômenos, foi a leitura de Hume que propiciou o seu despertou dogmático. Kant ao mostrar os limites do conhecimento gerou possibilidades inovadoras.
 O reconhecido filósofo francês Jean-François Lyotard dizia que: “O nome de Kant é um epílogo para a modernidade, e um prólogo ao pós-modernismo”. Muitas de suas obras permanecem atuais. Seu livro “Pela Paz Perpétua” de 1795 é considerado o prenúncio da acepção sobre a paz democrática no mundo atual.
Em 2004 quando se completaram duzentos anos da morte de Kant, o então ministro do exterior alemão Joshika Fischer declarou publicamente que Kant é um dos grandes nomes da filosofia e, ainda afirmou que quando fora estudante, leu todas as obras importantes e, reconheceu que lhe marcou bastante. Como pensador moderna representou um ser sensato e definiu a filosofia como a ciência da relação de todo conhecimento e de todo uso de razão como fim último da razão humana, caracterizando-se pelo tratamento de quatro questões fundamentais, a saber:

  1. O que é o homem? Objeto da antropologia, à qual em última análise se reduz as outras três e que é na verdade a mais importante das quatro questões.
  2. O que posso saber?
  3. O que devo fazer? Cuja resposta é dada pela moral.

Por esses questionamentos Kant pode determinar as fontes do ser humano; a extensão do uso possível e útil do saber; e os limites da razão (esse último item é o mais desafiador e difícil, porém o mais necessário, na perspectiva da filosofia crítica).
 A influência kantiana sobre o pensamento político deve-se ao ensaio “A paz eterna” e também as suas ideias, sua ética, o imperativo categórico[3], sua crítica à razão teórica significaram grande literatura que nutriu o pensamento ocidental, ultrapassando as fronteiras dos países de língua alemã. Podemos citar como intelectuais influenciados por Kant, como por exemplo, Reinhold, Fichte, Schelling, Hegel, G.K. Chesterton, Hilaire Beloc, Schopenhauer, Piaget, Freud, Heidegger, Foucault, Weber e Lyotard. Todo o pensamento filosófico ocidental a partir do século XIX girou em torno da especulação de Kant. Depois de Kant, boa parte do mundo e da Alemanha começou a cogitar sobre metafísica.
 Beethoven citou com admiração suas famosas palavras sobre duas maravilhas da vida: o estrelado céu lá em cima, a lei moral dentre nós, e Fichte, Schelling[4], Hegel e Schopenhauer produziram em célebre sucessão grandes sistemas de pensamentos erigidos sobre o idealismo do pietista do Königsberg.
Foi sob a influência da metafísica alemã que Jean Paul Ritcher escreveu: “Deus deu aos franceses a terra, aos ingleses o mar, e aos alemães o império do ar”.
Foi a crítica à razão e sua exaltação ao sentimento é que preparam o terreno para o voluntarismo de Schopenhauer e Nietzsche, o intuicionismo de Bergson e o pragmatismo de William James. Influenciou também Hegel e Spencer bem mais que este percebera. 
Os conceitos kantianos ainda foram o ponto de partida para a moderna filosofia alemã. Hegel o comparava a Sócrates. O primeiro e maior discípulo de Kant foi João Amadeu Fichte[5] que se encaminhou decididamente o criticismo pela vertente do idealismo imanentista.
 O idealismo alemão foi desenvolvido de 1780 a 1790 inspirado no idealismo transcendental, através do qual Kant distinguiu o conhecimento que temos dos objetos sempre submetidos às formas especificamente humanas de conhecer (ideias de espaço e tempo) dos objetos que jamais serão conhecidos.
 Fichte e Schelling conferiram a este pensamento um sentido menos crítico e mais subjetivo, considerando o real como produto da consciência humana. É na “Crítica a razão pura” que formulou a sua concepção de filosofia transcendental, ou seja, uma investigação que, “em geral, se ocupa não tanto com objetos, mas com o nosso modo de conhecimento de objetos”. Kant partindo da tradição distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos.
 Apontou que os analíticos são de caráter lógico, aqueles em que o predicado está contido no sujeito, ou seja, não produzem a definição do sujeito do juízo. São, portanto, a priori, independentes de experiência. Já os juízos sintéticos, são os a posteriori e dependem da experiência e constituem uma ampliação de nosso conhecimento.
 Produzem conhecimento, mas não são universais e necessários e baseiam-se no máximo em generalizações empíricas. Kant considerou que a distinção havia entre o analítico ou a priori e o sintético ou a posteriori é insuficiente para explicar a ciência, pois precisamos ter juízos universais e necessários que ampliem o conhecimento: os juízos sintéticos a priori. Tal tipo de juízo é caracterizado por Kant como independente da experiência, porém relacionado a esta, já que se refere às condições de possibilidade. Os princípios mais gerais da ciência, os fundamentos da física e da matemática e os juízos filosóficos da teoria do conhecimento que Kant pretendeu estabelecer, pertenceriam a esta nova classe do juízo.
 Kant formulou a metáfora da revolução copernicana da filosofia. Tal qual Copérnico que teria invertido o modelo tradicional de cosmo em que o Sol girava em torno da Terra, mostrou que no conhecimento, não é o sujeito que se orienta pelo objeto (o real), como quis a tradição, mas o objeto que é determinado pelo sujeito. A “Crítica da Razão Pura” visa, assim, investigar as condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, o modo pelo qual na experiência de conhecimento, sujeito e objeto se relacionam e em quais condições esta relação pode ser considerada legítima.
 Sujeito e objeto são, portanto, para Kant, termos relacionais, que só podem ser considerados como parte da relação de conhecimento, e não autonomamente. Só há objeto para o sujeito, só há sujeito se este se dirige ao objeto, visa apreendê-lo. Na concepção kantiana, o conhecimento do objeto resulta da contribuição de duas faculdades de nossa mente, ou de nossa razão, a sensibilidade e o entendimento. A primeira parte da “Crítica da Razão Pura” trata das formas puras da sensibilidade, as categorias, para o conhecimento, considerando ainda a unidade sintética da apercepção e ao esquematismo da razão pura. Assim a sensibilidade e entendimento se unem para constituir a experiência cognitiva.
Ao desenvolverem tal conceito de consciência humana, tornaram-se os grandes nomes do idealismo alemão pós- kantiano[6]Hegel foi um dos primeiros críticos de Kant. Ele empregou o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. A noção hegeliana de ética pretende ampliar e não substituir a ética de Kant.
 Dessa forma, muitas vezes Hegel é considerado como defensor de alguns kantianos como o da liberdade. Apesar de sua oposição à Kant, principalmente em face da dialética de Hegel, os dois filósofos não parecem discordar com a ideia racional de filosofia, ou seja, de que esta possa propósito teleológico, enraizado numa concepção orgânica de razão. O romantismo[7], fenômeno artístico e literário, em especial o alemão, é considerado como movimento paralelo ao idealismo.
[1] Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) nasceu em Leipzig, Alemanha, tendo estudado filosofia e matemática em universidades alemãs. Adquiriu grande nomeada por várias circunstâncias. A primeira delas pelo fato de que se tornou um diplomata de enorme influência nas principais cortes europeias.
Seu empenho consistia, sobretudo em lograr a unificação das nações cristãs para expulsar os turcos da Europa, sabendo-se que chegaram às portas de Viena e ocuparam desde a Romênia ao conjunto de territórios reunidos sob a denominação genérica de Balcans. Segue-se o desenvolvimento que proporcionou à matemática, considerando-se que sua doutrina física chegou a ser uma alternativa à física aristotélica. Graças a isto foi escolhido para presidir a Sociedade de Ciências de Berlim. Nesse particular, disputou abertamente a primazia com partidários da física newtoniana.
 Finalmente, formulou os princípios de um novo sistema filosófico que imaginava destinado a alcançar a grandiosidade da Escolástica. Devido ao fato de que tais princípios achavam-se dispersos em diversos textos, Christian Wolff (1679-1754) – professor de filosofia em Halle desde os começos do século, prestigiado na Corte prussiana – assumiu a responsabilidade de dar-lhes feição sistemática. E assim a nova proposta filosófica veio a ser conhecida como sistema Wolff-Leibniz, conquistando a adesão das principais universidades alemãs. É esse sistema que Kant tem em vista na sua obra crítica.
 A filosofia trata de todas as coisas possíveis, subdividindo-se em teórica e prática. A filosofia teórica compreende a ontologia (ciência do ser enquanto que é); cosmologia (estudo do mundo enquanto formado por entidades compostas); psicologia (estudo das entidades simples, cuja forma representativa se manifesta nos atos de conhecer e apetecer) e teologia (tendo por objeto a essência de Deus).
 A exemplo da Escolástica, Leibniz e Wolff acreditam encontrar a essência de todos os entes – existentes e possíveis – por uma simples análise conceitual. De posse desse fio condutor, o saber é rigorosamente ordenado e sistematizado.
 As coisas se passam como se a nova ciência da natureza, ao invés de constituir se em problema para a filosofia, fornece-lhe um modelo (matemático) para a reconstrução do sistema. Leibniz encontra-se entre os grandes matemáticos de todos os tempos. A filosofia prática se subdivide em economia e política.
 Deste modo, com base nas doutrinas de Leibniz, Wolff reconstitui o sistema, com toda a grandiosidade da Escolástica. O protestantismo tinha, afinal, uma filosofia, elaborada em consonância com os tempos modernos.
[2] O chamado sistema Leibniz-Wolff conquistou a maioria das cátedras germânicas durante o século XVIII.
O idealismo das últimas décadas não poderia operar mudança automática nesta situação. Certo é que apesar de apoiar-se nas ideias do empirismo inglês.
A crítica leibniziana da concepção mecanicista da natureza como explicação total do universo, nesta aprendendo que a eliminação da causa final torna difícil a reconciliação da filosofia com o amor de Deus, ou para empregar as mesmas palavras das Tendências gerais da filosofia na segunda metade do século XIX, que o drama do ser termina na libertação final pelo bem.
 [3] O imperativo categórico é um dos principais conceitos da filosofia de Kant. Sua ética tem como conceito esse sistema. Para o filósofo alemão, o imperativo categórico é o dever de toda pessoa doar conforme os princípios que ela quer que todos os seres humanos sigam, se ela quer que seja uma lei da natureza humana, ela deverá confrontar-se realizando para si mesmo o que deseja para o amigo.
Em suas obras Kant afirmou que era necessário tomar decisões como um ato moral, ou seja, sem agredir ou afetar outras pessoas. Enfim, o imperativo categórico é enunciado com três diferentes fórmulas e suas variantes que são: a) lei universal; b) fim em si mesmo; c) legislador universal ou autonomia.
[4] A filosofia de Schelling é, fundamentalmente, idealista: o espírito, o sujeito, o eu, é princípio de tudo. Como Fichte, admite que a natureza é uma produção necessária do espírito; recusa, porém, o conceito de Fichte de que a natureza tenha uma existência puramente relativa ao espírito. Para ele, a natureza - embora concebida idealisticamente - tem uma realidade autônoma com respeito ao sujeito, à consciência.
A natureza é o espírito na fase de consciência obscura, como o espírito é a natureza na fase de consciência clara. Então o princípio da realidade não é mais o eu de Fichte (o eu absoluto, o sujeito puro); mas deverá ser um princípio mais profundo, anterior ao eu e ao não-eu: será precisamente a identidade absoluta do eu e do não-eu, sujeito e objeto, espírito e natureza.
Dessa identidade, princípio absoluto da realidade, decorrerá primeiro, a natureza e o seu desenvolvimento, e depois o espírito com toda a sua história, não como sendo oposição e negação da natureza, mas como seu desenvolvimento e consciência.
 [5] João Amadeu Fichte nasceu em 1762, em Rommenau. Primeiro estudou teologia na universidade de Jena, depois se dedicou entusiasticamente à filosofia kantiana, e conheceu pessoalmente Kant.
Em 1794 foi convidado a lecionar na Universidade de Jena. Aí teve que enfrentar a oposição das autoridades religiosas e políticas, que - protestantes embora - tiveram intuição do seu anticristianismo e ateísmo. Apesar das suas desculpas, enfim teve Fichte que deixar o ensino universitário.
Depois de ter peregrinado por várias universidades, e ter travado relações com um círculo romântico, estabeleceu-se definitivamente, em 1810, na Universidade de Berlim, onde pronunciou os famosos “Discursos à Nação Alemã”, para incitar os seus patrícios contra Napoleão que humilhara e vencera a Alemanha. Faleceu em Berlim, em 1814. Entre as suas obras, a principal é Fundamentos da doutrina da ciência, onde expõe sistematicamente o seu pensamento.
 [6] Além de Kant, a outra fonte essencial do idealismo alemão é Spinoza. Este filósofo é arrancado do desprezo e do esquecimento em que jazia, e o seu pensamento encaminha decisivamente o idealismo para a trilha do monismo imanentista, para o qual já fora orientado por Kant.
Todos os filósofos idealistas (Fichte, Schelling, Schleiermacher, Hegel, Schopenhauer) dependem, mais ou menos, de Spinoza, bem como dele dependem artistas, literatos, poetas, com Goethe à frente. Apesar do seu conceito de criatividade do espírito, de síntese a priori, Kant deixara ainda uns dados, em face dos quais o espírito é passivo: o mundo dos noumenons, que o espírito não consegue conhecer.
Esse mundo de coisa em si, esse mundo de dados, é representado especialmente de um lado por aquela misteriosa matéria, e de outro lado por aquele mundo inteligível, donde derivaria toda a atividade organizadora e criadora do espírito, no mundo empírico.
Ora, o idealismo clássico nega todo dado, ou coisa em si, perante o qual o espírito é passivo, e, portanto nega o transcendente mundo kantiano dos noumenons, e reduz tudo à mais absoluta imanência do espírito.
O mundo da matéria, das sensações, da natureza, é uma criação inconsciente do espírito; este é transcendental - e não transcendente - com respeito à multiplicidade e ao vir-a-ser do mundo empírico, no qual unicamente, entretanto, o espírito se realiza e vive, se concretiza a si mesmo indefinita e livremente, e é plenamente cognoscível a si mesmo.
 [7] Um dos elementos principais do romantismo alemão é a concepção do eu que fora elaborada pela filosofia idealista, e de modo difuso, de todo o romantismo europeu.
Desenvolvido a partir de alguns conceitos kantianos, Fichte desviou-se da filosofia dos objetos exteriores, superando assim a posição de Kant, que conservara os conceitos de "coisa em si" e de "número". Para Fichte, o Eu constitui a realidade primordial e absoluta, tal como a consciência de si representa o princípio absoluto de todo o saber.
O Eu fichtiano afirma-se a si próprio, revelando-se como Eu absoluto, pois a sua essência consiste unicamente no fato de se afirmar ele próprio como sendo, e como Eu puro, pois o Eu é uma atividade pura, isto é, uma atividade que não pressupõe um objeto para se realizar: Eu sou muito simplesmente o que sou, e eu sou muito simplesmente porque sou.
O mundo romântico, diferentemente do mundo humanístico e do mundo iluminista, está radicalmente aberto ao sobrenatural e ao mistério, pois representa apenas «uma aparição evocada pelo espírito». No prólogo da segunda parte do romance de Novalis Heinrich von Ofterdingen,  Astralis grita: « Espírito da terra, o teu tempo passou!» Tudo o que é visível e palpável não representa o real verdadeiro, pois que o autêntico real não é perceptível aos sentidos.
O verdadeiro conhecimento exige que o homem desvie o olhar de tudo quanto o rodeia e desça dentro de si próprio, lá onde mora a verdade tão ansiosamente procurada: «É para o interior que se dirige o caminho misterioso. Em nós, ou em parte nenhuma, estão a eternidade e os seus mundos, o futuro e o passado.
O mundo exterior é o universo das sombras» , concluiu Novalis. O Idealismo se emergiu apenas com o advento da modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental. Seu oposto é o materialismo.
Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes e o seu cogito, é nos pensadores alemães que o Idealismo está em geral associado, desde Kant até Hegel, que seria talvez o último grande idealista da modernidade.
Muitos, ainda, acreditam que a teoria das ideias de Platão é historicamente o primeiro dos idealismos, em que a verdadeira realidade está no mundo das ideias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão.    

Fonte:http://www.beevoz.net/


Luta pela Igualdade

O que é o RACISMO?

Já tratamos até aqui de diversos assuntos como o bullying, inclusão de alunos com necessidades especiais, mas gostariamos agora de tratar nesse assunto tão importante e esclarecer aspectos pontuais para continuarmos nossos estudos.

Biologicamente,não existem "raças";somos uma só raça humana.
Os estudos mais recentes da genética já mostraram, desde o século XX, que não podemos dividir os seres  humanos em raças de acordo com cor de pele, tipos de cabelo, altura e outras características exteriores. Tais diferenças não servem para classificarmo-nos, como fazem os biólogos com outras espécies animais. A esse respeito, afirma Munanga (2003):
Como homens, pertecemos ao filo dos cordados, ao subfilo dos vertebrados (como os peixes), à classe dos mamíferos (como as baleias), à ordem dos primatas (como os grandes símios) e à espécie humana (homo sapiens), como todos os homens e todas as mulheres que habitam nossa galáxia. Somos espécie humana porque formamos um conjunto de seres, homens e mulheres capazes de constituir casais fecundos, isto é, capazes de procriar, de gerar outros machos e outras fêmeas.[...] Portanto Biológica e científicamente, as raças não existem. A invalidação científica do conceito de raça não significa que todos os indivíduos ou todas as populações sejam geneticamente semelhantes. Os patrimônios genéticos são diferentes, mas essas diferenças não são suficientes para classificá-las em raças.

O Racismo na Escola 

O racismo ainda hoje é uma questão de grande embate na sociedade brasileira, apesar de ter uma população miscigenada não se mostra evidente, mas ocorre sutilmente por estar enraizado na sociedade desde os tempos da escravidão. Vivemos num país onde a herança do preconceito racial é muito presente, apesar de haver certa negação ou omissão do problema. As marcas dessa herança cultural estão muitas vezes implícitas em letras de músicas, na mídia e até mesmo na Literatura Infantil. A maioria das histórias e contos apresentados às crianças ou lidos por elas enfatiza a cultura europeia; podemos exemplificar com os seguintes contos: Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, dentre outros. Com isso vemos a falta de preparo das escolas para receber o aluno negro e no diaa-dia só é resaltado que não sabemos lidar com essa questão. Mesmo assegurados pelas leis como a 9.459, de 13 de maio de 1997 e a 7.716, de 5 de janeiro de 1989 que fala que é um crime excluir e discriminar qualquer afro descendente, na prática podemos constatar o não cumprimento dessa legislação porque o racismo continua a se manifestar através de xingamentos, chacotas, piadas e ditos populares, tornando clara a discriminação racial em todos os lugares, principalmente na escola. Diante disso, esse estudo tem como objetivo discutir sobre o racismo na escola e traçar apontamentos sobre formas de superar essa prática no ambiente escolar. Para atingir a esse objetivo será utilizada a metodologia de pesquisa teórica em livros, artigos, teses, dissertações e material eletrônico para compreender como o racismo acontece e de que modo ele pode ser eliminado das práticas escolares. 3 Para o desenvolvimento dessa investigação utilizamos a pesquisa de natureza qualitativa que visa à realidade e o sujeito por isso não pode ser traduzida em números. De acordo com Gil (2002) tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito além do aprimoramento das ideias que possam estimular uma melhor compreensão do problema estudado. Será do método bibliográfico, pois visa consultar fontes e construir ideias a partir de outras. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, e artigos científicos”. Em nosso artigo utilizamos os estudos de autores como Oliveira (2007) sobre preconceito e estereótipos; Cavalleiro (2001) e Munanga (2005) que discutem sobre racismo na escola, entre outros autores que desenvolvem estudo sobre essa temática e que nos auxiliaram na construção da nossa pesquisa com suas reflexões e contribuições teóricas. Assim, nosso estudo foi organizado da seguinte maneira, inicialmente trazemos algumas reflexões sobre preconceito e estereótipos ressaltando algumas práticas sociais que reproduzem essas duas características. Depois trazemos um histórico do racismo na escola e discorremos sobre a criança negra e sua identidade na escola. E por final temos alguns apontamentos sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais e as inovações decorrentes da Lei nº 10.639 de 2003. O preconceito é tão forte que ainda levam nossos alunos e alunas ao fracasso e a evasão escolar mesmo com uma lei que os ampare de toda intolerância racial que é a Lei nº 12.288 de julho de 2010 que garante à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. A lei existe e dá ao negro todos os direitos que qualquer cidadão deve possuir, o problema é que a mesma não é cumprida, vemos preconceito sendo cometidos todos os dias sem distinção de idade e sexo. Muitas vezes os pais dos nossos alunos negros não estão preparados para lidar adequadamente com essa situação ou não estão devidamente munidos para orientar seus filhos perante as situações preconceituosas que lhes vão aparecer constantemente. Diante disso, os professores tem um papel fundamental no sentido de preparar nossas crianças de forma epistemológica tendo em vista que a escola é um espaço social privilegiado de construção do conhecimento e luta contra todo tipo de preconceito, especialmente o racial. 5 Os preconceitos são óbvios quando cometidos, e raramente as pessoas assumem que são preconceituosas. Oliveira (2007) retrata muito bem isso em seu livro quando faz relatos de ALC1 uma aluna que se descreve preta do cabelo duro e que os alunos fazem saro dela por ela ser preta, essa aluna é muito discriminada pelos coleguinhas de classe e nem mesmo a professora a enxergava na sala. ALC era pouco participativa apesar de ser uma aluna atenta ao que está ocorrendo, esse seria um ponto de partida para se trabalhar o preconceito nessa sala de aula e não foi utilizado. Fatos como esse vêm ocorrendo há muito tempo no ambiente escolar; além disso, ocorrem discussões e estudos sobre o preconceito, racismo, pluralidade cultural entre todos os temas relevantes que menosprezam as pessoas. [...] uma imagem de negro (“preto”) como um ser que “vale menos”, que tem “direito” a “menos”, que “é menos” do que aquele que não o é. Uma imagem que permeia a relação entre os alunos e que configura formas de relação entre “não-pretos” e “pretos” em que, muitas vezes, os primeiros se colocam incondicionalmente acima dos segundos e fazem de tudo para marcar esta “diferença que desvaloriza” (OLIVEIRA, 2007, p. 61). E é por causa de alunos assim, infectados por estereótipos negativos que os alunos brancos se sentem superiores aos negros e começam a tratar de maneira jocosa os alunos de cor negra, fazendo piadinhas e chacotas, e dessa maneira a escola ao invés de combater o preconceito se torna reprodutora.
A formação cultural brasileira se caracteriza pela síntese de etnias e culturas, pela diversidade de fisionomias e pela multiplicidade de visões sobre a miscigenação, algumas ainda presas à desinformação e ao preconceito. Essa junção de características gera conflitos em casa, na rua, no trabalho e na escola. A superação do racismo ainda presente em nossa sociedade é uma necessidade moral e uma tarefa política de primeira grandeza. E a educação é um dos terrenos decisivos para que sejamos vitoriosos nesse esforço. Com a realização do nosso estudo apresentamos sobre o racismo na escola com objetivo de compreender a temática para superar essas práticas no ambiente escolar. Assim, cabe destacar que a discussão sobre preconceito racial é 19 fundamental para aqueles que atuam no espaço escolar e que são responsáveis pela educação dos estudantes, pois somente através da conscientização sobre esse problema as atitudes necessárias serão tomadas. É fundamental, também, que a elaboração dos currículos, livros escolares e materiais de ensino estejam isentos de qualquer conteúdo racista ou de intolerância. Mais do que isso, é indispensável que reflitam as contribuições dos diversos grupos étnicos para a formação da nação e da cultura brasileiras. Ignorar essas contribuições – ou não lhes dar o devido reconhecimento – é também uma forma de discriminação racial. Urge o combate do preconceito na escola. Porém é preciso antes disso que professores reconheçam à presença do preconceito em sala de aula e que a escola possa desmistificar a ideia de ser um lugar onde paira a igualdade racial. É preciso pensar em uma educação que sirva para abrir os espíritos, não para fechá-los, que respeite e promova o respeito às diferenças culturais, que ajude a fortalecer o ideal da igualdade de oportunidades. 


 REFERÊNCIAS 

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